Sejam bem vindos e bem vividos

Não somos somente pobres mortais,somos pobres mortais e vividos



Historias de técnicos

ALMEIDA



- Alô bom dia!
- Eu gostaria de falar com o Almeida!
- Pois não, é ele mesmo.
- Oi Almeida, é a Luiza, sua vizinha aqui da rua, tudo bem?
- Tudo sim e você?
- Eu to bem, meu fogão que não esta legal.Levantei agora pra fazer café e ele não funcionou! Parece que esta entupido sei lá! Será que você pode vir aqui antes de começar a trabalhar?
- Posso sim, daqui a dez minutos estou aí.
Saí de casa com minha maleta e fui para a casa da Luiza.Ela era casada com um policial e tinha um casal de filhos.Na época o menino tinha quatro anos e a menina três.
Eles moravam a menos de cinqüenta metros de minha casa, e por se tratar de uma amiga intima de minha mãe, eu acabava fazendo um atendimento rápido, privilegiado e barato.
Ao chegar na casa, percebi que eles estavam com pressa pra sair, pois o menino estava doente e iria ser levado ao médico pelos pais, e a sogra da Luiza ficaria em casa para me acompanhar no serviço.
Quando eles saíram, percebi que a sogra não desceu do andar de cima do sobrado, dando a impressão de que ela estava arrumando os quartos ou coisa assim e me deixou a vontade quando disse:
- Almeida, ainda não tirei a mesa do café da manha, se você quiser comer alguma coisa, fique a vontade.Só não tem nada quente por causa do fogão, qualquer coisa é só me chamar!
Eu disse ok e olhei para a mesa farta de alimentos mas nada me chamou atenção alem das duas garrafas de dois litros de coca cola.Uma cheia e outra pela metade.
Então comecei a verificar qual era o problema que estava acontecendo com o fogão, mas com o olho na garrafa de coca cola.Eu sempre gostei de coca cola e naquele dia, mesmo sendo de manha, eu estava com muita sede e resolvi beber um pouco.Não teria problema nenhum se eu tivesse colocado num copo, numa xícara ou até mesmo numa caneca sei lá! Mas não, resolvi tomar no “gargalo”.Hehe coisa de moleque mesmo.
Quando estava com a garrafa a quarenta e cinco graus de inclinação na boca, eis que aparece na minha frente, a sogra da Luiza e diz:
- Tem copo aí na mesa!
Eu não respondi nada, continuei a tomar a coca só que com mais rapidez.Ela ficou me olhando e depois de alguns longos segundos, eu acabei com o que havia na garrafa e disse com os olhos em brasa e lacrimejando pelo gás do refrigerante:
- Não precisa não!Só tinha um restinho na garrafa e eu não queria sujar nenhum copo!
Não sei se a desculpa colou mas a minha vontade era de enfiar a cara no cú e sumir!
Afinal de contas o que fazer numa situação dessas?
Arrumei o fogão e não tinha coragem de olhar pra cara da sogra que ainda colocou mais um pouco de coca cola num copo e disse:
Olha Almeida, pode beber.Vou por a garrafa na geladeira e se você quiser mais, pode se servir viu!
Até hoje não sei se ela foi educada comigo, e se fez de ingênua, ou se realmente ela não percebeu que eu bebi meia garrafa de coca cola de uma só vez!heheheheheheh





Leucemia

Eu sempre fui muito mais vendedor dos meus serviços, do que propriamente técnico, e para isso eu sempre fui muito simpático com meus clientes.Pra isso eu tinha que tratar bem e conversar um pouco quando eles me davam liberdade, assim eu conseguia perceber o perfil de cada um, e as vezes acabava virando uma amizade muito boa que abrangia todas as nossas famílias.
Numa dessas minhas visitas profissionais, eu conheci uma família que viria me marcar com uma história pro resto de minha vida.
Em 1997 eu fui fazer um orçamento na casa de uma pessoa que teria me procurado por intermédio de sua tia que era minha cliente a mais de cinco anos e que teria me indicado a ele.Na época, Carlos trabalhava em uma empresa multinacional, era casado e tinha uma filha de quatro anos.Carlos tinha uma vida relativamente boa, tanto financeira, como familiar.
Ele tinha comprado um sítio em Atibaia, interior de São Paulo, onde quase todos os finais de semanas, iam para lá para se divertirem.
Sua filha adorava, não só pelo sitio que era lindo e construído ao seu gosto, mas pelo passeio que era, pois a paisagem do local é muito linda e contagiante.Sem contar as paradas que eles faziam para comprar os morangos vendidos na beira da estrada que era uma das frutas que ela mais gostava.
Eu acabei adquirindo uma amizade muito legal com eles e todas as vezes que eles precisavam de meus serviços eu ia com muito prazer, pois alem deles serem muito educados e humildes eles sempre faziam questão de me contar das coisas que aconteciam com eles.Sempre com muito humor e emoção.Ríamos, chorávamos, debatíamos sobre futebol, política enfim, tínhamos uma amizade boa.
No final ed dezembro de 1999, fui fazer um serviço próximo de onde eles moravam, e resolvi dar uma passada na casa deles para dar um feliz natal e prospero ano novo como é de costume até hoje.
Quando toquei a campainha, a vizinha apareceu e disse que eles não estavam.Eu agradeci e disse a ela que provavelmente eles estavam no sitio onde eles sempre passavam o natal, mas ela me respondeu que não, disse que eles estavam com a filha internada no hospital.
Fiquei preocupado, e vim embora.
No dia 30 de dezembro, naquela mesma semana, consegui falar com o Carlos por telefone e ele me disse que sua pequena estava com uma doença muito grave e me pediu para orar muito por ela.Resolvi então ir até o hospital para fazer uma visita naquele mesmo dia.Chegando lá não vi o Carlos e nem a pequena, mas consegui falar com sua mulher que estava inconsolável, mas conseguiu me explicar o que estava acontecendo.Ela me disse que a pequena havia ficado com febre e tinha desmaiado e também havia aparecido umas manchinhas na pele então eles resolveram leva-la ao medico onde depois de alguns exames foi diagnosticado LEOCEMIA.
Carlos passou a se dedicar integralmente à sua filha.Saiu do emprego e comprou um táxi, pois assim ele poderia atender qualquer emergência relacionada à saúde de sua filha sem depender de ninguém.Passou a ler tudo que era relacionado à leucemia, pois queria aprender a lidar com aquela situação.E foi muito bom ele se dedicar, pois logo ela foi pra casa.Claro que depois de algumas sessões de quimioterapia, pequena estava debilitada e precisava de muito repouso e atenção.
Mas depois de seis meses, ela ficou ruim novamente e os médicos disseram que a única maneira de tentar salva-la, seria um transplante de medula.
A partir daí, eles começaram uma busca interminável atrás de amigos, parentes e conhecidos para uma doação.Ninguém era compatível.Carlos então propôs a sua mulher a terem mais um filho, pois a probabilidade dele ser compatível com a irmã seria muito grande.E assim foi feito.
Um ano se passou e quando a pequena estava bem debilitada, nasceu o pequeno Salvador. Mas não deu tempo, a pequena morreu na semana em que o salvador nasceu.
Através de varias pesquisas, Carlos descobriu que um dos maiores causadores desse tipo de doença é causado por agrotóxico usados nas plantações de morangos e quando não bem lavados na hora do consumo pode ser fatal.
Portanto, não façam como a pequena fazia nas viagens de final de semana, lavem bem os morangos e as frutas antes de come-las.